Demografia
Embora não exista nenhum dado oficial sobre a composição étnica do Paraguai, estima-se que a maior parte da população seja o resultado da mestiçagem entre indígenas e imigrantes europeus, que teve início na época do domínio espanhol. A população atual é conformada por descendentes de uma nova mestiçagem entre a população tradicional hispano-guarani que sobreviveu ao extermínio durante a Guerra do Paraguai e imigrantes (europeus especialmente e asiáticos) que chegaram após a Guerra do Paraguai com o objetivo de repovoar o país.[24]No final do século XX, o número de habitantes aumentou a uma taxa de 2,6% ao ano. Com o ritmo acelerado de crescimento, a populaçãodeve duplicar em um período de 21 anos.
A densidade populacional é considerada baixa (14,1 hab./km²). Existem grandes contrastes de ocupação entre as distintas partes do país: oChaco é a região mais despovoada. As planícies próximas ao rio Paraná têm densidade moderada.
A porcentagem da população urbana é de 56,7%. Os habitantes concentram-se nas principais cidades do país, como Assunção, Ciudad del Este, San Lorenzo e Fernando de La Mora. A taxa de natalidade é elevada — cada mulher tem em média 3,8 filhos. A taxa de mortalidade infantil é moderada e gira em torno de 26 por mil. A expectativa de vida é de 68,5 anos para homens e de 73 anos para mulheres.
Cidades mais populosas do Paraguai | ||||||||||
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Posição | Cidade | Departamento | População | Posição | Cidade | Departamento | População | |||
1 | Assunção | Assunção | 742 574 | 11 | M. Roque Alonso | Central | 90 484 | |||
2 | Ciudad del Este | Alto Paraná | 387 755 | 12 | Itauguá | Central | 84 162 | |||
3 | San Lorenzo | Central | 356 594 | 13 | P. Juan Caballero | Amambay | 100 480 | |||
4 | Luque | Central | 264 438 | 14 | Villa Elisa | Central | 72 423 | |||
5 | Capiatá | Central | 235 201 | 15 | San Antonio | Central | 76 808 | |||
6 | Lambaré | Central | 180 324 | 16 | Hernandarias | Alto Paraná | 69 616 | |||
7 | Fernando de la Mora | Central | 173 941 | 17 | Presidente Franco | Alto Paraná | 71 613 | |||
8 | Limpio | Central | 142 824 | 18 | Caaguazú | Caaguazú | 69 302 | |||
9 | Ñemby | Central | 138 818 | 19 | Coronel Oviedo | Caaguazú | 78 395 | |||
10 | Encarnación | Itapúa | 104 671 | 20 | Concepción | Concepción | 59 128 | |||
Censo 2010 |
Etnias
Não existem dados oficiais sobre a composição étnica da população paraguaia, devido a que a Dirección General de Estadísticas, Encuestas y Censos do Paraguai[25] não inclui o item raça ou etnia, embora inclua a porcentagem de indígenas puros que habitam o país (segundo o censo do ano 2002, a população indígena do Paraguai representava 1.7% da população).[26] Cerca de 40.000 índios puros habitam as florestas do Chaco Ocidental e do Nordeste. A população do país, que antes da Guerra do Paraguai (1864-70) era de 500.000 habitantes, foi reduzida a menos da metade depois do conflito. A evasão por questões políticas ou econômicas também contribuiu para a baixa densidade demográfica. Existe, porém, uma ampla presença europeia, que representa uma grande parte da população, principalmente de espanhóis, alemães, italianos (que têm contribuído a repovoar o país após a Guerra da Tríplice Aliança).[24] Uma das últimas e importantes correntes imigratórias do país foi a dos menonitas alemães estabelecidos, maiormente, na Região Ocidental.
A imigração após a Guerra do Paraguai foi fundamental para a reconstrução do país: "Após a Guerra contra a Tríplice Aliança, o Paraguai dizimado precisava recuperar a sua sociedade, tanto do ponto de vista demográfico como social, cultural, econômico e político. O governo paraguaio começou uma campanha para atrair imigrantes, especialmente europeus, para renovar e transformar a sociedade, atingindo assim o país, contingentes de italianos, argentinos, espanhóis, franceses, brasileiros, portugueses, alemães, uruguaios, austríacos, britânicos, entre outros, que foram os primeiros em abrir grupos empresariais e da indústria, mudando o tipo de vida cotidiana. A contribuição dos imigrantes no final do século XIX foi muito importante para o Paraguai, pois ajudaram a reativar a economia e influenciaram a construção de uma nova sociedade e, portanto, uma nova cultura nacional." (Regeneración de la Sociedad Paraguaya: Aporte de los Inmigrantes (1870-1904), Raquel Zalazar).
Alemães, italianos, japoneses,] coreanos, chineses, sírios, árabes, brasileiros e argentinos estão entre as nacionalidades minoritárias que se instalaram no Paraguai.
Predominância dos genes hispânicos em mestiços paraguaios
Uma recente pesquisa científica realizada por uma equipe franco-paraguaia e publicada na revista europeia "International Journal of Immunogenetics" na edição de fevereiro de 2011[34]chegou à conclusão da predominância dos genes espanhóis em mestiços paraguaios. A pesquisa publicada compara o sangue paraguaio com o sangue espanhol de origem andaluza (região de origem da maioria dos conquistadores no século XVI) e também com o sangue "guarani". O DNA extraído dos glóbulos brancos de 40 índios "Mbya Guarani" foi analisado através de modernas técnicas de biologia molecular (PCR) e foi tipificado o grupo sanguíneo HLA (nos glóbulos brancos). Após ter analisado as frequências do grupo sanguíneo e comparadas as distâncias genéticas entre mestiços paraguaios, espanhóis e guaranis do Paraguai, chegou-se às seguintes conclusões: 1) Os guaranis do Paraguai são geneticamente "muito diferentes" dos mestiços paraguaios e também dos espanhóis. 2) As distâncias genéticas são muito próximas entre mestiços paraguaios e espanhóis, enquanto são "muito distantes" entre mestiços paraguaios e guaranis do Paraguai. A predominância genética espanhola em mestiços paraguaios pode ser explicada através da história. Em 1537, 57 conquistadores espanhóis fundaram Assunção, a capital. Juntaram-se às mulheres guaranis nos primeiros anos, para dar origem à mistura hispano-guarani. Esta mistura foi intensa apenas durante as primeiras décadas da conquista, e foi então substituída por uma mestiçagem "mestizo-criolla" (descendentes de espanhóis nascidos no Paraguai). Ao mesmo tempo, a população guarani diminuía rapidamente devido às doenças e às guerras contra os novos habitantes[35].
Idiomas
O guarani, língua falada pela maioria da população, e o espanhol são os idiomas oficiais, sendo que 95% da população é bilingue. O dialeto falado no país é o espanhol rioplatense. Há também dezenas de milhares de falantes puramente indígenas de dialetos guaranis no Paraguai.[36]
O idioma guarani é uma língua do grupo macro-tupi, falada por 4 000 000 de pessoas (das quais 2 000 000 a têm como língua materna) no Paraguai (onde é língua oficial), no nordeste de Argentina, no sul do Brasil e no Chaco boliviano. É a língua nativa dos guaranis, um povo nativo da região, mas também goza de uso extenso fora da etnia. Na América pré-colonial e do início da colonização europeia, foi utilizada como língua franca em uma ampla região a leste da Cordilheira dos Andes, desde o mar das Antilhas até o Rio da Prata. O guarani é o idioma oficial do Paraguai e é falado por noventa por cento da população paraguaia.
Esta situação se deveria principalmente à originária constituição da sociedade paraguaia. Como consequência da superioridade numérica de falantes do guarani e da relação de parentesco que existia entre espanhóis e indígenas, a língua nativa gozou desde o começo de uma ampla aceitação social. Esta língua era a diária na vida paraguaia e a aceitação social era paralela à do castelhano, em contraste ao que ocorria ou ocorre no resto da América.
O Paraguai é único em muitos aspectos e diferente de outros países latino-americanos. O Paraguai tem uma população mestiça que é bastante homogênea (hispânica na aparência e na cultura). As pessoas não aparentam, nem vestem ou se comportam como indígenas. Os termos ladino e mestizo não são usados no espanhol paraguaio e não existem conceitos sobre mistura cultural ou racial, como existem em outros países latino-americanos. No entanto, apesar da espanholização da maioria dos moradores, noventa por cento da população é falante da língua indígena guarani. Por esse motivo, o Paraguai é único no hemisfério e o país é, frequentemente, citado como uma das poucas nações bilíngues no mundo.[37]
Religião
O catolicismo é a religião mais popular, não mais oficial desde a atual constituição. A constituição de 1992 admite a livre prática de qualquer tipo de religião ou crença. 89,6% da população são católicos e 6,2% são protestantes, com predominância de menonitas. Há também minorias que incluem 1,1% de cristãos de outras afiliações, 1,9% de outras religiões e 1,1% de ateus.
Os primeiros missionários foram os franciscanos (1542), seguidos dos jesuítas, que fundaram no começo do século XVII as Missões, onde se concentraram mais de 300 000 guaranis, em sete reduções, no sudeste do Paraguai. Esse notável empreendimento catequético e social tinha bases econômicas definidas: agricultura, pastoreio, artesanato, indústria, artes, ao lado de magníficas igrejas.
As Missões constituíram um verdadeiro estado autossuficiente, de caráter teocrático e comunitário, que chegou a existir por mais de 150 anos (1610-1768), resistindo ao assédio dos paulistas. Com o tratado de Madrid e com a expulsão dos jesuítas (1767), as Missões foram invadidas e devastadas, voltando os índios ao estado primitivo.
O arcebispo de Assunção era membro do conselho de Estado até 1992, que designava altos dignitários eclesiásticos pelo direito do padroado real. Cerca de metade dos padres do país (quatrocentos no total, um para cada mil pessoas) são franciscanos, membros de ordens predominantemente europeias e têm criticado as violências da ditadura de Alfredo Stroessner.
As denominações protestantes (menonitas, batistas, pentescostais) dependem predominantemente das missões estrangeiras, sem suficiente liderança nacional.
Criminalidade
A criminalidade no Paraguai tem aumentado nos últimos anos, com os criminosos atacando as pessoas mais ricas. Embora a maioria dos crimes no Paraguai não sejam violentos, tem havido um aumento no uso de armas e houve incidentes onde a violência extrema tem sido usada, como assalto a mão armada, sequestros, roubo de carros e invasões de privacidade, que se tornaram um problema tanto em áreas urbanas quanto em rurais. O crime de rua, incluindo punguistas e assalto, é predominante nas cidades. O número de roubo de carteiras e ataques armados também vem aumentando em ônibus públicos e na área do centro da cidade de Assunção. Houve incidentes de roubo de bagagem em aeroportos e terminais de ônibus. Os vendedores de bilhetes não autorizados também operam no terminal de ônibus de Assunção, atormentando viajantes com a venda de bilhetes abaixo do padrão ou não existentes.
O Paraguai não divulga o número de detentos. A criminalidade aumentou 29% em 1991. É um grande centro de contrabando na América Latina. Há tráfico de vários produtos, deautomóveis a cocaína. Pistas de pouso nas florestas são usadas para o tráfico de drogas[