Cultura
A característica marcante da cultura paraguaia é a persistência da tradição guarani, entrelaçada com a hispânica. Embora as publicações em guarani sejam numerosas, a maioria da população conhece os dois idiomas. O guarani é empregado como linguagem doméstica e o espanholna vida oficial e comercial.
As duas maiores e mais tradicionais universidades são a Nacional de Assunção, fundada em 1890 e a Católica, em 1960. A maioria dos paraguaios professa o catolicismo, mas outros cultos são tolerados. As principais instituições culturais do país estão na capital: a Academia Nacional de Belas-Artes, o Conservatório Nacional de Música, a Orquestra Sinfônica de Assunção, a Biblioteca Nacional e o Museu de História Nacional e Etnografia. São famosas as qualidades melódicas da música popular paraguaia, que, em vez da influência africana de outras nações americanas, manteve traços da cultura guarani, particularmente as guarânias, acompanhadas por violão e de ritmo dolente.
Villarrica, há 179 km de distância de Assunção e fundada em 1570, é o segundo centro cultural e universitário mais importante do país, logo atrás de Assunção.
O isolamento do país durante boa parte do século XIX não foi propício ao desenvolvimento literário. Guerras cruentas motivaram uma literatura de exacerbado nacionalismo e os autores que divergiam essa linha eram ignorados ou tachados de derrotistas, o que levou muitos deles a abandonarem o país. Só na década de 1940surgiu o primeiro grupo poético coerente, com obra reconhecida, Óscar Ferreyro e Augusto Roa Bastos, entre outros autores. Em 1952, Gabriel Casaccia publicou em Buenos Aires La babosa (A lesma), primeiro grande romance de um autor paraguaio. Outros romancistas surgidos mais tarde foram Jorge Rodolfo Ritter e Juan Bautista Matto.
As missões jesuíticas instaladas no Paraguai do início do século XVII até 1767 cobriram o país de notáveis obras arquitetônicas, a maioria das quais, no entanto, foram reduzidas a ruínas. Outras sobrevivem e permitem apreciar o esplendoroso desenvolvimento, na região, do barroco colonial.
Mitologia
Música
Sendo o único país da América do Sul onde a maioria dos habitantes fala o idioma da origem nativa, sua música, no entanto, é fortemente influenciada pela música europeia.
Entre os séculos XVII e XVIII, os jesuítas notaram que os guaranis possuíam grande vocação para a música e, em sua missões, os ensinaram aos nativos os fundamentos da música europeia.
Os instrumentos mais populares são o harpa e a viola. A harpa paraguaia teve muita difusão e é conhecida em muitos países do mundo.
Seus gêneros são a canção paraguaia, ou purajhei e a guarânia, caracterizada por ser uma canção lenta desenvolvida por José Asunción Flores.
Para a dança, existem polcas e galopas. A polca é uma dança de casais, enquanto que as galopas são dançadas por um grupo de mulheres chamadas galoperas que giram formando um círculo, balançando-se de um lado a outro com um cântaro ou um vaso em suas mãos. A galopa mais famosa é a galopera.
Outra variante é a dança da garrafa, onde a principal bailarina dança até com dez garrafas na cabeça, uma sobre outra. Também existem os valseados, uma versão local das valsas, como, por exemplo, El Chopí, Santa Fe, Taguató, Golondrina etc.
Um dos mais conhecidos expoentes da música paraguaia foi Luis Alberto del Paraná, que realizou várias excursões pela Europa e pelo resto do mundo por mais de trinta anos.
O conservatório Nacional de Música oferece 27 matérias aos alunos de diversas especialidades musicais que vão desenvolvendo ao longo de sete e dez anos de estudos, culminando sua carreira segundo o instrumento eleito: instrumentos clássicos em geral, canto e instrumento popular. Conta com várias agrupações orquestrais acadêmicas, como: a Orquestra Sinfônica Acadêmica Nacional, a Banda Sinfônica Nacional, a Orquestra Sinfônica da Cidade de Asunción, a Orquestra Folclórica José A. Flores, a Camerata Lara Bareiro, a Orquestra de Jazz, a Orquestra Sinfônica Infantil e coro de meninos e o Coro Polifônico.
Uma das conquistas mais importantes foi a criação da Orquestra Sinfônica Nacional (OSN). Seus integrantes foram admitidos através de uma audição internacional, com participação de 270 postulantes de todo o país, concurso onde os alunos do Conservatório Nacional de Música se impuseram com uma maioria do setenta por cento dos 112 postos da orquestra. É uma das orquestras mais numerosas da América do Sul.
No ano de 2005, se solidificou ainda mais o Conservatório Nacional de Música com a criação da filial de Itaugua, uma nova dependência com uma dotação à parte concedido pelo parlamento no orçamento geral da nação. Nesta nova dependência com duzentos alunos, se adota a mesma disciplina, programa e sistema de ensino. Convergem, ali, alunos de diferentes cidades do país, como: San Bernardino, Paraguarí, Pirayú, Itá, San Lorenzo, Carapeguá e Piribebuy.
Artesanato
A diversidade de culturas no Paraguai permite um desenvolvimento constante e expansivo dos artesanatos. Da tradição indígena, brotam belos trabalhos em fibras naturais, madeiras nobres, sementes, plumas e outros materiais naturais, que compõe tapeçarias, canastras, colares e outros artigos de excelente acabamento.
O artesanato paraguaio oferece também delicados têxteis, tais como o bordado conhecido como aho poí, o encaixe chamado ñandutí, joalheria em filigrana de ouro e prata, copos de corno talhado, redes, cobertores, talhas de madeira, objetos de cerâmica e uma infinidade de outros artigos nos quais se destacam a criatividade e a destreza dos artesãos.
Literatura
Paraguai foi terra de numerosos poetas, em especial em língua guarani. Destacam-se com suas poesias nesta língua (em ordem cronológica)Natalicio de María Talavera, Narciso R. Colmán, Juan E. O'Leary, Ignacio A. Pane, Marcelino Pérez Martínez, Julio Correa, Francisco Martín Barrios, Emiliano R. Fernández, Manuel Ortiz Guerrero, Félix Fernández, Darío Gómez Serrato, Miguel G. Fariña, Manuel D. Cardozo, Matías Nuñez González, Deidamio González, Hérib Campos Cervera, Enrique E. Gayoso, Emilio Bobadilla Cáceres, Mauricio Cardozo Ocampos,Mariano Celso Pedrozo, Gumersindo Ayala Aquino, Meneleo Zonza Coronel, José Asunción Cunha, Francisco Cristaldo, Julián Bobadilla,Carlos Miguel Jiménez, Julián Paredes, Crispiniano Martínez González, Teodoro Salvador Mongelós, Clementino Ocampos, Cecilio Méndez,Pedro Azinheira Ramos, Rubén Darío Gramas (Tatajyva) e Gabino Ruíz Díaz Torales (Rudi Torga)
Ainda que o Paraguai das últimas décadas não tenha sido solo propício para a criação artística em geral, a poesia sempre foi o gênero literário mais prolífico das letras paraguaias. Se por "poesia atual" entendemos a produzida a partir da década de 1960, então o meio temporário do aqui incluso como "poesia paraguaia atual" abarca quase trinta anos de governo dictatorial (ditadura de Stroessner, 1955-1989) e mais dezessete anos de transição democrática (1989-presente).
A situação política, econômica e cultural resultante, bem como também as censuras e autocensuras vigentes durante a dita ditadura afetaram significativamente, tanto em quantidade como em qualidade, a produção poética interna. As detenções arbitrárias, a perseguição ideológica e a repressão política imperantes levaram ao exílio a quase 1 000 000 de paraguaios (um terço da população) e, entre eles, a muitos escritores e artistas.
A literatura do Paraguai se construiu mais com as contribuições dos exilados que com as dos escritores que viveram na pátria. Efetivamente, os dois poetas paraguaios de maior renome internacional, Hérib Campos Cervera (1905-1953) e Elvio Romero (1926-2004), escreveram praticamente toda sua obra no exílio, ambos em Buenos Aires. Considerado o poeta mais importante da promoção de 1940, Campos Cervera é também um dos três escritores de dito grupo (com Josefina Plá e Augusto Roa Bastos) que maior influência tiveram na literatura paraguaia contemporânea.
Teatro
Durante a primeira metade do século, a história do teatro paraguaio não conta com muitos nomes que tenham transcendido as fronteiras nacionais, com a possível exceção de Josefina Plá, que, além de ser autora e coautora (com Roque Centurión Miranda) de várias obras teatrais, está entre os críticos que mais estudaram o teatro paraguaio.
Como em outros países da América Latina, razões de ordem histórico-político e econômico-social explicam parcialmente o fato de o teatro ter sido e continuar sendo o gênero menos fecundo da literatura paraguaia. No caso específico do Paraguai, a instabilidade política das primeiras décadas do século XX, unida a uma guerra internacional, a guerra do Chaco contra a Bolívia de 1932 a 1935, uma terrível guerra civil (arevolução de 1947) e uma das duas ditaduras mais longas que registra a história do continente americano até a data (a do general Alfredo Stroessner (1955-1989); a outra é a de Fidel Castro, (1959-2008). Esses três períodos históricos têm um impacto negativo direto tanto na quantidade como na qualidade da produção teatral deste século.
No entanto, durante as duas décadas que precedem a guerra do Chaco, surgiu um interesse teatral antes inexistente e numerosos autores estrearam dramas e comédias de caráter predominantemente popular, entre eles Eusebio A. Lugo (1890-1953), Pedro Juan Caballero(1900-1946), Facundo Recalde (1896-1969) e José Arturo Alsina (1897-1984), o mais célebre do grupo.
Não obstante ter nascido na Argentina, Alsina viveu no Paraguai desde muito menino e sua obra dramática é significativamente nacional, ainda que algumas de suas peças reflitam influências do teatro europeu. De enorme significação cultural para um país bilingue como o Paraguai é a produção teatral de Julio Correa, autor de grande mérito e iniciador, na década de 1930, do teatro em guarani com obras inspiradas no contexto histórico-político desses anos e, em particular, na guerra do Chaco. Outros representantes do teatro em guarani dessa época são Francisco Martín Bairros, Roque Centurión Miranda e Luis Ruffinelli.
A atividade teatral paraguaia contou com o apoio do Ateneu Paraguaio e da Escola Municipal de Arte Cênica de Asunción, fundada por Centurión Miranda em 1948. Além dos dramaturgos já mencionados, entre os nomes que também ocupam um lugar significativo dentro do teatro paraguaio contemporâneo devem figurar, entre outros: os autores e críticosJosé Luis Appleyard, Ramiro Domínguez e Ezequiel González Alsina; o ator, autor e ensaísta Manuel E. B. Argüello e, mais recentemente, o crítico e diretor Agustín Núñez e a dramaturga e roteirista teatral Gloria Muñoz, que encenaram (sob a direção daquele e a adaptação teatral desta), com grande sucesso de público (1991), uma versão teatral de Eu o Supremo (1974), a novela mais conhecida de Augusto Roa Bastos.
Esporte
O esporte mais praticado e mais popular no país é o futebol. A seleção do Paraguai é uma das mais fortes do continente, tendo sido, por duas vezes (1953 e 1979), campeã da Copa América. Obteve, também, um medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004, tendo sido a única medalha olímpica ganha pelo país até hoje. Participou por sete vezes da copa do Mundo de futebol. Os principais clubes do país são o Olimpia e o Cerro Porteño.
Depois do futebol, o esporte com mais aficionados é o rali, cujo evento mais tradicional é o Trans-Chaco Rally, disputado desde 1971. Outros esportes praticados são o rúgbi, obasquete, o golfe e o tênis, sendo os principais representantes destes dois últimos Carlos Franco e Víctor Pecci, respectivamente.
Feriados
Data | Nome em português | Nome local (em espanhol) | Observações |
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1 de janeiro | Ano Novo | Año Nuevo | |
6 de janeiro | Dia dos Reis | Día de los Reyes | |
3 de fevereiro | Dia do Patrono do Paraguai | Dia del Patrono del Paraguay | |
1 de março | Dia dos Heróis | Día de los Héroes | |
(varia) | Quinta e Sexta-feira Santa | Jueves y Viernes Santo | |
1 de maio | Dia dos Trabalhadores | Dia de los Trabajadores | |
15 de maio | Dia da Independência | Dia de la Independencia | |
12 de junho | Dia da Paz no Chaco | Dia de la Paz del Chaco | |
14 de agosto | Dia da bandeira | Día de la Bandera | |
15 de agosto | Fundação de Assunção | Dia de la Fundación de Asunción | Aniversário da capital nacional |
16 de agosto | Dia das crianças | Día de los Niños | Crianças ficam em casa |
29 de setembro | Dia da Batalha de Boquerón | Dia de la Batalla de Boquerón | |
8 de dezembro | Dia da Virgem de Caacupé | Dia de la Virgen de Caacupé | |
25 de dezembro | Natal | Navidad | Celebração do nascimento de Jesus Cristo na religião cristã. |